EUGÉNIO
DE ANDRADE (1923-2005)
Dibujo: Eugénio de Andrade, 1964
Dibujo: Eugénio de Andrade, 1964
V
A veces un amigo
es el desierto,
otras veces el
agua.
Despréndete del
ínfimo rumor
de agosto; un cuerpo
no siempre es el
lugar de la furtiva
luz desnuda, de
limoneros
rebosantes de
pájaros
y el verano en el
pelo;
en el oscuro
follaje del sueño
es donde brilla
la piel mojada,
la difícil
floración de la lengua.
Lo real es la
palabra.
Eugénio de Andrade
(De Branco no branco, 1984)
© Traducción: Verónica Aranda
© Traducción: Verónica Aranda
Poema original:
V
Um amigo é às vezes o deserto,
outras a água.
Desprende-te do ínfimo rumor
de agosto; nem sempre
outras a água.
Desprende-te do ínfimo rumor
de agosto; nem sempre
um corpo é o lugar da furtiva
luz despida, de carregados
limoeiros de pássaros
e o verão nos cabelos;
luz despida, de carregados
limoeiros de pássaros
e o verão nos cabelos;
é na escura folhagem do sono
que brilha
a pele molhada,
a difícil floração da língua.
que brilha
a pele molhada,
a difícil floração da língua.
O real é a palavra.
© Eugénio Andrade
No hay comentarios:
Publicar un comentario