Fotos: Alicia Andrés
Meia-Noite de Buenos Aires
Os bailarinos de tango vieram de Mendonza e de Santa Rosa
cada um de sua cidade. Aprenderam o tango entre lixo
e ventanias; há sempre aquele perfume nas ruas
de Buenos Aires, uma luz perigosa que nasce entre Corrientes e Dorrego,
e não desaparece com a chuva. Aprenderam o tango
nas manhãs de domingo, muito cedo, quando os turistas
perguntam pela Plaza de Mayo e seguem encostados às paredes
das velhas casas do bairro. Bandonéon e fuga, aço puro,
contrabaixo, piano forte, aguarelas, dança no meio do fogo,
escondida da luz: eles aprendem com as memórias,
com os falhados, os mortos, os músicos que atravessaram
os átrios, os prédios cobertos de pó, as praças enegrecidas
pelos anos e pela literatura. São bailarinos de tangos;
tu compreendes a música mas só eles entendem a vingança
de cada passo, o silêncio que se faz em seu redor, a meia noite
de Buenos Aires, aquele olhar que não é já um olhar
mas uma ameaça, uma lâmina que aparece em cada mão
para dar brilho às histórias e ao seu passado. É só o tango.
cada um de sua cidade. Aprenderam o tango entre lixo
e ventanias; há sempre aquele perfume nas ruas
de Buenos Aires, uma luz perigosa que nasce entre Corrientes e Dorrego,
e não desaparece com a chuva. Aprenderam o tango
nas manhãs de domingo, muito cedo, quando os turistas
perguntam pela Plaza de Mayo e seguem encostados às paredes
das velhas casas do bairro. Bandonéon e fuga, aço puro,
contrabaixo, piano forte, aguarelas, dança no meio do fogo,
escondida da luz: eles aprendem com as memórias,
com os falhados, os mortos, os músicos que atravessaram
os átrios, os prédios cobertos de pó, as praças enegrecidas
pelos anos e pela literatura. São bailarinos de tangos;
tu compreendes a música mas só eles entendem a vingança
de cada passo, o silêncio que se faz em seu redor, a meia noite
de Buenos Aires, aquele olhar que não é já um olhar
mas uma ameaça, uma lâmina que aparece em cada mão
para dar brilho às histórias e ao seu passado. É só o tango.
© Francisco José Viegas
MEDIANOCHE DE BUENOS AIRES
Los bailarines de tango llegaron de Mendoza y de Santa Rosa,
cada uno de su ciudad. Aprendieron el tango entre basura
y vendavales; siempre está aquel perfume en las calles
de Buenos Aires, una luz peligrosa que nace entre Corrientes y Dorrego,
y no desaparece con la lluvia. Aprendieron el tango
en las mañanas de domingo, muy temprano, cuando los turistas
preguntan por la Plaza de Mayo y siguen apoyados en las paredes
de las viejas casas del barrio. Bandoneón y fuga, acero puro,
contrabajo, pianoforte, acuarelas, danza en medio del fuego,
escondida de la luz: ellos aprenden con las memorias,
con los perdedores, los muertos, los músicos que atravesaron
los atrios, los edificios cubiertos de polvo, las plazas ennegrecidas
por los años y por la literatura. Son bailarines de tango;
tú comprendes la música pero sólo ellos entienden la venganza
de cada paso, el silencio que se forma a su alrededor, la medianoche
de Buenos Aires, aquella mirada que ya no es una mirada
sino una amenaza, una hoja que aparece en cada mano
para dar brillo a las historias y a su pasado. Es sólo el tango.
© Traducción: Verónica Aranda
O TANGO. BUENOS AIRES.
Brigam no meio da rua. Ao passar em San Telmo,
ao fim da manhã, vejo como brigam, corpo
com corpo, ao som de uma música vengativa
que comove os cegos, os que pasam, os que ficam.
© Francisco José Viegas
EL TANGO. BUENOS AIRES
Pelean en medio de la calle. Al pasar por San Telmo,
al final de la mañana, veo como pelean, cuerpo
a cuerpo, al son de una música vengativa
que conmueve a los ciegos, a los que pasan, a los que se quedan.
© Traducción: Verónica Aranda