Fotos: Alicia Andrés
(Café O Botequim, Graça, Lisboa)
JOANA SERRADO (Coimbra, Portugal, 1979)
1.
Me duelen los cafés de mi ciudad
los que cierran los domingos
los que cierran por obras
los que cierran por vacaciones
los que cierran de forma indefinida
los que cierran por cerrar
los que no necesitan cerrar y se traspasan traspasándome.
Sé que voy a morir con ellos, sé que voy a morir sin ellos.
Sé que tu cuerpo es un cuerpo perecedero, corruptible.
Siento tu muerte en mis huesos y no consigo salvarte.
Tu frigidez, tu pureza pervertida
la forma en que tus maxilares se adormecen el uno sobre el otro.
Sólo el perfume de las violetas que brotan de tu cuerpo me calma.
Me duele la ciudad que escogí para morir.
No tengo sitio para escribir un poema de amor.
1.
Doem-me os cafés da minha
cidade
os que fecham ao domingo
os que fecham para obras
os que fecham para férias
os que fecham indefinidamente
os que fecham ao domingo
os que fecham para obras
os que fecham para férias
os que fecham indefinidamente
os que fecham por fechar
os que não precisam de fechar e se trespassam trespassando-me.
os que não precisam de fechar e se trespassam trespassando-me.
Sei que vou morrer com
eles, sei que vou morrer sem eles.
Sei que o teu corpo é um
corpo perecível, corruptível.
Sinto a tua morte nos meus ossos e não consigo salvar-te.
A tua frigidez, a tua alvura apodrecida
a maneira como os teus maxilares se adormecem um no outro.
Sinto a tua morte nos meus ossos e não consigo salvar-te.
A tua frigidez, a tua alvura apodrecida
a maneira como os teus maxilares se adormecem um no outro.
Só o perfume das violetas
que brotam do teu corpo me faz acalmar.
Dói-me a cidade que escolhi
para morrer.
Não tenho lugar para escrever um poema de amor.
Não tenho lugar para escrever um poema de amor.
1.
Me duelen los cafés de mi ciudad
los que cierran los domingos
los que cierran por obras
los que cierran por vacaciones
los que cierran de forma indefinida
los que cierran por cerrar
los que no necesitan cerrar y se traspasan traspasándome.
Sé que voy a morir con ellos, sé que voy a morir sin ellos.
Sé que tu cuerpo es un cuerpo perecedero, corruptible.
Siento tu muerte en mis huesos y no consigo salvarte.
Tu frigidez, tu pureza pervertida
la forma en que tus maxilares se adormecen el uno sobre el otro.
Sólo el perfume de las violetas que brotan de tu cuerpo me calma.
Me duele la ciudad que escogí para morir.
No tengo sitio para escribir un poema de amor.
OS ESTATUTOS
DO AMOR
1. (Direito à Possibilidade)
Que todo o abraço seja tão contundente como o teu olhar.
Que todo o olhar seja tão emergente como a tua palavra.
Que toda a palavra seja tão urgente como a tua mão nos meus cabelos.
Que todo o abraço seja tão contundente como o teu olhar.
Que todo o olhar seja tão emergente como a tua palavra.
Que toda a palavra seja tão urgente como a tua mão nos meus cabelos.
2. (Direito ao Espaço e ao Tempo)
Que haja tempo em bloco e não ruptura de tempo.
Que a minha ilha seja teu porto e teu porto nos seja santo.
Que a comunhão se faça tanto no beijo como no silêncio.
Que haja tempo em bloco e não ruptura de tempo.
Que a minha ilha seja teu porto e teu porto nos seja santo.
Que a comunhão se faça tanto no beijo como no silêncio.
3. (Direito à Fecundidade)
Que do teu umbigo nasçam flores com seiva de primavera.
Que eu possa viver do seu perfume e sobreviver à sua acidez sem as desflorar.
Que o prazer não precisa de extrema-unção mas que a unção do prazer seja extrema.
Que do teu umbigo nasçam flores com seiva de primavera.
Que eu possa viver do seu perfume e sobreviver à sua acidez sem as desflorar.
Que o prazer não precisa de extrema-unção mas que a unção do prazer seja extrema.
4. (Direito à Perfeição)
Que a palavra “amor” nunca seja proferida em vão.
Que o amor venha já feito, perfeito e não por fazer.
Que a palavra “amor” nunca seja proferida em vão.
Que o amor venha já feito, perfeito e não por fazer.
LOS
ESTATUTOS DEL AMOR
1. (Derecho a la Posibilidad)
Que todo abrazo sea tan contundente
como tu mirada.
Que toda mirada sea tan emergente
como tu palabra.
Que toda palabra sea tan urgente
como tu mano en mis cabellos.
2. (Derecho al Espacio y el Tiempo)
Que haya tiempo en bloque y no ruptura
de tiempo.
Que mi isla sea tu puerto y tu
puerto nos sea santo.
Que se haga la comunión tanto en el
beso como en el silencio.
3. (Derecho a la Fecundidad)
Que de tu ombligo nazcan flores como
savia de primavera.
Que pueda vivir de su perfume y
sobrevivir a su acidez sin desflorarlas.
Que el placer no precise de la extrema
unción pero que la unción del placer sea extrema.
4. (Derecho a la perfección)
Que la palabra “amor” nunca sea
pronunciada en vano.
Que el amor ya venga hecho,
perfecto, no por hacer.
© Poemas:
Joana Serrado
©
Traducciones: Verónica Aranda
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